O Batismo do Rei Jesus

Texto: Mateus 3:13-17

Introdução:

Em nossa exposição do Evangelho de Mateus, chegamos hoje à última passagem em Mateus 3, o Batismo de Jesus. Vimos claramente que Mateus está apresentando Jesus como o Messias-Rei. Ele demonstra aos seus leitores que Jesus é o Rei prometido — o cumprimento de todas as promessas a Israel e as profecias do Messias. Em Mateus 1:1-17, vimos a genealogia do Rei, que Jesus era “o Filho de Davi, o Filho de Abraão” ( Mt 1:1), cumprindo as alianças e promessas feitas no Antigo Testamento. Em Mateus 1:18-25, vimos a origem divina de Jesus em Seu nascimento virginal. Em Mateus 2:1-12, vimos os sábios adorarem Jesus como o Rei dos Judeus. Em Mateus 2:13-23, vimos a verificação de Jesus como Rei em Seu cumprimento das escrituras. Então, em Mateus 3:1-12 , vimos o anúncio do Rei por João Batista enquanto ele pregava o arrependimento para preparar o caminho para a vinda do Rei.

Toda a expectativa dos três primeiros capítulos parece se cumprir aqui no final de Mateus 3, porque, conforme lemos as palavras, “Então veio Jesus” (Mt 3:13). Mateus preparou o cenário e nos preparou ao apresentar Sua genealogia, Seu nascimento virginal, Sua adoração merecida, Seu cumprimento de profecia e Seu precursor. Mas agora, finalmente, Jesus entra no palco.

“Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:13-17)

O relato de Mateus sobre o batismo de Jesus é sua maneira de apresentar a coroação do Rei, Sua unção, Sua comissão. Hoje veremos três aspectos de Sua coroação como Rei: o batismo do Filho, a unção do Espírito e a aprovação do Pai. Você notou a ênfase nas três pessoas da Divindade? Os cristãos tradicionalmente chamam esse aspecto trino da natureza de Deus de Trindade. Mateus demonstra claramente essa doutrina da Trindade aqui no batismo de Jesus no início do ministério de Jesus, assim como ele também faz na comissão de Jesus de Seus discípulos no final de Mateus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).

Mateus registra o batismo de Jesus para fazer outra forte declaração de que Jesus é o Rei e Messias prometido e, portanto, você deve submeter sua vida a Ele. O batismo de Jesus nos ensinará algumas verdades significativas sobre a pessoa de Jesus e também sobre o significado do batismo para nós.

O Batismo do Rei Jesus

1. O Batismo do Filho (Mt 3:13-15)

Quando Mateus escreve, “Então Jesus veio da Galileia”, ele está indicando o período de tempo para o batismo de Jesus. “Então” é uma expressão de tempo, dando a ele o significado de “naquele tempo”. João Batista havia começado seu ministério de pregação e batismo e foi enquanto João estava fazendo esse ministério que Jesus veio. A palavra “veio” significa entrar em cena, fazer uma aparição pública (assim como os Magos em Mateus 2:1 e João em Mateus 3:1).

Já sabemos que multidões de pessoas estavam saindo para ir ter com João no deserto (Mt 3:5). Então Jesus “veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele” em público diante das multidões judaicas. O batismo de João foi público, o batismo de Jesus foi público, e da mesma forma o batismo cristão não é apenas uma cerimônia privada, mas uma declaração pública de arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo.

Mateus é o único Evangelho que registra a conversa entre João e Jesus em Mateus 3:14–15. João tenta impedir Jesus de ser batizado, insistindo que João precisava ser batizado por Jesus: “E João tentava impedi-lo, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mt 3:14). Anteriormente, João teve dificuldade em batizar os fariseus e os saduceus porque eles não eram dignos de seu batismo (Mt 3:7). Agora ele tem dificuldade em batizar Jesus porque seu batismo não é digno de Jesus.

Mateus não deixa claro como João conheceu Jesus (embora Lucas nos dê uma pista em suas narrativas do nascimento). João de alguma forma sabia que Jesus não tinha necessidade de um batismo de arrependimento para perdão de pecados (Mt. 3:2, 6, 11), então, na verdade, Jesus não atendia aos requisitos para o batismo de João! Jesus não tinha necessidade de se arrepender, pois Ele nunca havia pecado.

O restante do Novo Testamento deixa claro que Jesus não tinha pecado:

2 Coríntios 5:21 – “Porque aquele que não conheceu pecado, ele o fez  pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”

Hebreus 4:15 – “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”

Hebreus 7:26 – “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os céus”

1 Pedro 2:22 – “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano”

1 João 3:5 – “E sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não há pecado”

Então a pergunta de João faz sentido. Ele batizou pessoas com um batismo de arrependimento. Jesus não precisava se arrepender porque Ele não tinha pecado. Por que então Jesus deveria pedir para ser batizado por João? Por que Ele desejou se juntar a uma multidão de pecadores e ser batizado?

O próprio Jesus nos dá a resposta em Mateus 3:15: “Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça”. Jesus não nega que Ele é superior e João é inferior. Ele não nega que João também precisa ser batizado porque João é um pecador. Ele não nega que Ele não precisa se arrepender do pecado. Jesus não precisava ser batizado, mas escolheu ser batizado.

A palavra “porque” é um termo explicativo. Jesus explica por que João deveria batizá-lo. Jesus diz, “porque assim nos convém”, significando que é apropriado que façamos isso — “Você deve fazer isso comigo, e eu devo fazer isso”. É apropriado que João batize e que Jesus seja batizado por João. E a razão pela qual Jesus diz que é apropriado é “para cumprir toda a justiça”. Jesus não veio para confessar nenhum pecado, mas “para cumprir toda a justiça”. Mateus mostrou anteriormente que Jesus cumpriu profecias específicas, bem como temas bíblicos mais gerais. O batismo de Jesus representa a identificação de Jesus com Israel neste estágio culminante de sua história: confessar seus pecados para se preparar para o reino (Mt 3:2, 6).

Mais adiante no Evangelho de Mateus, “cumprir a justiça” diz respeito à obediência aos princípios da lei de Deus (Mt 5:17, 20). Jesus aqui expressa sua obediência ao plano de Deus revelado nas escrituras. “Cumprir toda a justiça” significa completar tudo o que faz parte de um relacionamento de obediência a Deus. Jesus deseja obedecer a todas as exigências morais da vontade de Deus.

E a vontade de Deus para Ele foi estabelecida nas Escrituras por séculos. É mais claro em Isaías 53, que anuncia que o Servo Sofredor deveria ser “contado com os transgressores” (Isaías 53:12). Aqui Jesus começou a ser identificado com os pecadores. Isaías havia profetizado que o SENHOR colocaria sobre Ele a iniquidade de todos nós. Isaías escreveu que o SENHOR disse sobre Ele: “Com o seu conhecimento, o meu Servo, o justo, justificará a muitos, porque levará sobre si as iniquidades deles”. Então o Messias, o Servo do SENHOR em Isaías, se identificaria com os pecadores, tomaria seus pecados sobre Si e os justificaria por meio do sofrimento que Ele suportaria. Jesus estava dizendo que esse batismo era o começo de tudo isso; foi aqui que Ele começou a cumprir a justa vontade de Deus como o Servo Sofredor que tomaria sobre Si os pecados do mundo. Esse batismo foi a inauguração desse ministério. Assim como na cruz ele deveria ser pleno e ontologicamente identificado com os pecados da humanidade, assim também lhe convinha aqui, no início de seu ministério, colocar a mão naquele arado terrível, submetendo-se ao seu símbolo e sacramento no Jordão.

A Bíblia de Estudo NIV tem um bom resumo das razões para o batismo de Jesus: a primeira, como Jesus disse, foi “para cumprir toda a justiça”. Seu batismo indicou que ele foi consagrado a Deus e oficialmente aprovado por Ele, como especialmente mostrado na descida do Espírito Santo (Mt 3:16) e nas palavras do Pai (Mt 3:17; Sl 2:7; Is 42:1). Todos os requisitos justos de Deus para o Messias foram totalmente atendidos em Jesus. Em segundo lugar, no batismo de Jesus, João anunciou publicamente a chegada do Messias e o início de seu ministério (Jo 1:31–34). Terceiro, por seu batismo, Jesus se identificou completamente com o pecado da humanidade. E, finalmente, seu batismo deu um exemplo para seus discípulos seguirem.

A seguir, vemos,

2. A Unção do Espírito (Mt 3:16)

Mateus 3:16 diz: “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele”. O que Mateus registra aqui é a unção do Filho pelo Espírito para o ministério que estava diante dele. Não foi apenas uma unção para pregar, mas para toda a sua vida para fazer expiação pelo pecado.

Duas coisas aconteceram aqui: “se lhe abriram os céus” e “e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele”. A abertura dos céus traz à mente as visões de Deus do Antigo Testamento (por exemplo, Is. 64:1; Ez. 1:1; At. 7:56; Ap. 4:1; 19:11). O Espírito de Deus, o Espírito Santo, desceu e veio pousar sobre Jesus. Não diz que uma pomba desceu sobre Ele, mas o Espírito de Deus. A imagem da pomba descreve a maneira como o Espírito estava descendo – descendo como uma pomba e pousando sobre Ele.

Jesus já não possuía o Espírito? De fato, Ele possuía. Mateus já mostrou que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo e era de fato Filho de Deus. Mas Seu batismo foi a declaração pública disso. Esta foi a unção de Cristo para Seu ministério público. No Antigo Testamento, sacerdotes, reis e profetas eram ungidos para seu ministério. Sua unção simbólica encontrou sua contrapartida final na unção do Senhor Jesus pelo Espírito Santo. O significado do nome Messias ou Cristo é “o ungido” e foi no poder de Sua unção que Ele, como homem, realizou cada faceta de Seu ministério como o Cristo de Deus. O Espírito veio para ungir Jesus para Seu serviço real, sacerdotal e profético.

Finalmente vemos,

3. A aprovação do Pai (Mt 3:17)

Mateus 3:17 diz: “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Deus Pai dá Sua aprovação à vida e ministério de Seu Filho. O que Deus diz parece ser uma fusão de dois textos do Antigo Testamento, Salmo 2:7 e Isaías 42:1. Ambos os textos foram entendidos como messiânicos por segmentos importantes do judaísmo pré-cristão (ver 4QFlor 10–14 e Tg. Isa 42:1, respectivamente). De acordo com a Aliança Davídica no Antigo Testamento (2 Sam. 7 e Salmo 2), o rei seria conhecido como o “Filho” de Deus. Ele teria um relacionamento especial com o Pai e seria o herdeiro de todas as coisas, até mesmo de seus inimigos. Ouça o Salmo 2:7: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. O Salmo 2 se dirige ao rei como o ungido de Deus e o Filho de Deus. Os reis de Judá provaram ser filhos muito decepcionantes, e havia uma profunda expectativa e esperança em Israel de que um dia Deus traria ao mundo um Filho messiânico, um governante digno de herdar o trono de Davi.

Então ouça Isaías 42:1: “Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre ele; juízo produzirá entre os gentios”. Esta é a primeira das passagens do Servo Sofredor na profecia de Isaías que atingirá seu ápice em Isaías 53. Como a passagem sobre o Rei Messiânico, o Servo do Senhor também é ungido pelo Espírito de Deus. Juntas, essas duas citações do Antigo Testamento apontam o papel de Jesus como Filho divino e Servo Sofredor, uma combinação crucial para interpretar a autocompreensão e a missão de Jesus.

Então vemos a Trindade completada aqui. O Filho é batizado. O Espírito unge o Filho como Rei. E o Pai dá Sua voz de aprovação. Por Seu batismo, Jesus se identificou com o povo, o povo pecador que Ele veio salvar. E por Seu batismo, Jesus se submeteu à vontade do Pai, começando Seu serviço como o Servo Sofredor que morreria pelos pecados do mundo. E Deus Pai O aprovou e enviou Deus Espírito para capacitá-Lo.

Então, vemos, Jesus ungido como Rei, mas não como os monarcas deste mundo (João 18:36). Ele é um Rei que serve e dá Sua vida em resgate por muitos (Mt. 20:28). Pelo batismo, o Rei se identifica com pecadores e retrata Sua morte. Ao ser ungido com o Espírito, o Rei é capacitado com um ministério que, em última análise, fará Dele um sacrifício pelo pecado. E pela voz do Pai, Ele é aprovado como o sacrifício digno.

Conclusão

Esta noite eu convido você a entregar sua vida ao Rei. Arrependa-se do seu pecado. Deixe sua vida aos pés dele. Corra para Jesus. Creia que Ele era sem pecado. Creia que Ele morreu na cruz pelo seu pecado. Creia que Seu sacrifício foi aceitável a Deus, como provado por Sua ressurreição. Peça a Ele para vir e perdoar seu pecado, e mudar sua vida, e fazer você Dele. Ele fará isso. Ele é o Rei obediente, justo e aprovado!

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